quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Se..."

Se és capaz de manter a tua calma quando

Todo o mundo em redor já a perdeu e te culpa,

De crer em ti quando estão todos duvidando

E para êsses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,

Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

E não parecer bom demais, nem pretencioso;


Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;

De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;

Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires

Tratar da mesma forma a êsses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas

Em armadilhas as verdades que disseste

E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas;

E refazê-las com o bem pouco que te reste;


Se és capaz de arriscar numa única parada

Tudo quanto ganhaste em tôda a tua vida,

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,

Resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo

A dar seja o que for que nêles ainda existe,

E a persistir assim quando, exausto, contudo

Resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste!


Se és capaz de entre a plebe, não te corromperes;

E, entre Reis, não perder a naturalidade,

E de amigos, que bons, quer maus, te defenderes;

Se a todos podes ser de alguma utilidade;

E se és capaz de dar, segundo por segundo,

Ao minuto fatal todo valor e brilho:

Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,

E - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling Tradução de Guilherme de Almeida.

(108) Facebook

Já faz quase um ano que não entro no meu Blog. Não sou muito bom prá ficar mexendo nesse trém aqui não, sô!